terça-feira, março 17, 2009

O grau zero da política Conheci uma velhinha, que apenas sabia ler mal e escrever o seu nome, mas tinha um grande saber de experiência feito, a qual , enquanto outros diziam “não faças aos outros aquilo que não gostavas que te fizessem a ti”, preferia dizer “não penses dos outros aquilo que não gostavas que pensassem de ti”. Vem isto a propósito de uma figura da nossa praça, já com idade suficiente para não dizer asneiras e que, mesmo antes de começarem as campanhas eleitorais, conseguiu arrastar a discussão para o grau zero - ou abaixo de zero - da política, ao afirmar repetidas vezes que “se o Sócrates ganhar as eleições, vai-se vingar daqueles que lhe fizeram frente”. E não digo isto porque tenha votado no partido do Primeiro Ministro ou pense fazê-lo enquanto regular relativamente bem da cabeça. Não, nunca votei em nenhum partido que tenha sido (ou partilhado o) poder, incluindo na altura em que fui obrigado a votar, em 1973, porque estava no serviço militar e as urnas estavam no quartel. Digo-o porque tem de haver um mínimo de decoro na política e não é admissível que uma líder partidária fale, num discurso escrito, pior do que aquele deputado do seu partido que, no calor do debate parlamentar, mandou um adversário para um lugar onde ele forçosamente não cabia, nem que o dito cujo fosse de elefante. Porque a frase do deputado, sem o desculpabilizar, não passou de um desabafo malcriado, ao passo que as palavras da líder são um processo de intenções da mais requintada desvergonha. Se a avó, ex-ministra e ex-quadro superior do Banco de Portugal, toma este tipo de atitudes, que esperar dos imberbes netinhos da jota? Será que um dia destes, em vez de um pinóquio em pé teremos cartazes de um pinóquio de rabo para o ar a ser sodomizado?

2 comentários:

jrd disse...

Velharias...

Anónimo disse...

Tem razão! Eu própria que procuro ser sempre condescendente com as minhas congéneres, ando estupefacta com declarações tão falhas de inteligência! De uma pessoa que ambiciona tão arrojado lugar, temos o direito e, principalmente, o dever de exigir mais...