segunda-feira, março 17, 2008

Aterrador ou espectacular?

A ciência não para de surpreender-nos. Agora, cientistas desenvolveram uma técnica computorizada de leitura da mente que lhes permite, utilizando scanners para estudar a actividade cerebral, prognosticar com precisão imagens para as quais as pessoas estão a olhar.

Os cientistas americanos serviram-se de equipamento de Imagens por Ressonância Magnética (Magnetic Resonance Imaging) habitualmente utilizado nos diagnósticos hospitalares para observar a actividade do cérebro, enquanto os indivíduos sujeitos à experiência observavam um conjunto de 120 fotografias a preto e branco. Depois, um computador foi capaz de indicar correctamente, em 90% dos casos, qual a imagem em que as pessoas estavam focadas.

O estudo levanta a possibilidade de, no futuro, a tecnologia ser aproveitada para visualizar as memórias ou os sonhos das pessoas. E claro, interrogar suspeitos contra a sua vontade, assim como condenar alguém por “crimes de pensamento”.

Claro que o poema Livre, de Carlos Oliveira, musicado e interpretado pelo Manuel Freire, ainda manterá a sua verdade textual durante algumas décadas, pois as experiências utilizaram equipamento “pesado” e magnetos extremamente potentes, para além do descodificador computacional ter tido de ser adaptado a cada indivíduo durante várias horas de treino com este ligado ao scanner. No entanto, o Professor Jack Gallant, da Universidade de Berkeley e líder do grupo de cientistas, disse que “é possível que descodificar a actividade cerebral possa ter sérias implicações éticas e de privacidade, digamos, num prazo de 30-50 anos”, acrescentando: “acreditamos veementemente que ninguém deve ser sujeito a qualquer forma de leitura cerebral involuntariamente, secretamente ou sem um consentimento completamente informado”.

De qualquer modo, considerando a diarreia mental que por aí campeia, o colorido da leitura cerebral da nossas ditas “figuras públicas” devia ser muito monótono. Cheira-me que se revestiria das várias tonalidades do amarelo, dependendo da sua frugalidade ou gulodice da véspera.

Nota: O estudo foi publicado na Nature de 5 de Março, mas é de acesso restrito.

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