quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Seriedade Um homem sério não é, apenas, o que não põe a mão nos bolsos dos outros. É aquele, quase irrepreensível, que espalha, em seu redor, a ética do despojamento e da integridade, com a exigência do espírito de missão. (Baptista-Bastos, in Jornal de Negócios de 25/01/2008) Armando Baptista-Bastos completa hoje 74 anos de idade.
Considerado um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos e autor de mais de duas dezenas de obras, romancista, ensaísta, cronista, crítico e jornalista, começou a sua carreira há 55 anos, no desaparecido Século Ilustrado, e trabalhou em quase todos os órgãos de comunicação social escrita portuguesa, mas foi no também extinto vespertino Diário Popular que passou grande parte da sua carreira. Desde sempre inovador e polémico, a sua obra sobre jornalismo, As Palavras dos Outros, mereceu do ainda mais polémico Luiz Pacheco o seguinte comentário: "jornalismo feito literatura. Isto é, ascendendo ao plano da literatura: na contenção irónica, na sua capacidade de denúncia e intervenção, obrigando-nos à exploração psicológica dos tipos, no humor dos circunlóquios, principalmente no poder de síntese". Fruto da largueza de vistas de um outro jornalista bastante mais jovem, especializado em assuntos económicos e economista de formação, Sérgio Figueiredo, os leitores do Jornal de Negócios têm podido ler, desde há mais de 4 anos, as suas saborosas crónicas das sextas-feiras, quer na versão impressa quer na digital, as quais conservam todas as características referidas por Luís Pacheco. Infelizmente, vivemos numa sociedade pouco habituada à polémica e ao confronto de ideias, pelo que o BB tem sido alvo dos mais ignominiosos ataques pessoais feitos por anónimos quer na caixa de comentários do próprio jornal quer, segundo tem confessado, na sua caixa de correio electrónico, cujo endereço coloca disponível na coluna que escreve. Por mim, só lhe posso desejar uma longa vida com todas as condições para continuar a escrever da forma como o tem feito. E que não lhe doam os dedos no teclado do computador, para poder continuar a “chamar os bois pelos nomes”, fenómeno tão raro na nossa imprensa actual.

1 comentário:

jrd disse...

A superioridade moral de um Grande Jornalista. Enorme!