How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
domingo, fevereiro 17, 2008
O livro
Em teu corpo de retangular inércia
encontro a dinâmica da vida.
Na nudez calada de tuas páginas
ouço cantares, desvendo mistérios
Inerte objeto sobre a estante
ou sobre a mesa
em ti não se sepultam
santos mártires heróis
em teu seio redivivos.
Em tudo o que se faz
em ti se preserva.
O agora se torna sempre
na perpetuação do gesto.
Em ti o morto, renascido,
se faz lembrança sempiterna.
Não só o passado reténs
na universal memória:
liame das épocas
em corrente de vida.
Em ti se devassam mundos
se descortina o amanhã
em pressentida visão.
Não foi do Cabo Canaveral
ou de algum ponto da Rússia
que primeiro partiram os cosmonautas
em busca do espaço sideral.
Em teu bojo estático
Júlio Verne devassara o éter
a geografia dos astros
percorreu o sub-mar
desvirginou o centro da terra.
Textura que gravou para sempre
o amai-vos de Cristo
a ternura de Francisco de Assis
o amor
o sonho
a dúvida de Hamlet
D. Quixote em luta contra os moinhos de vento
- antecipa-se o que virá
na intuição dos gênios.
Em tuas páginas tudo cabe
- a própria antítese da vida
o bem, o mal,
a guerra, a paz,
o ódio, o amor,
o gesto simples ou heráldico,
a mentira, a verdade
e Anne Frank, com olhar ardente,
vinga sua morte, fustigando Hitler.
Nada exiges. És amante
em entrega total. Fazes pensar
na aceitação do dito
ou recusa do escrito.
Dizes. Não impões.
És simples monólogo contudo audível
a quem o lê.
Não é no chão ou nas estrelas
no mar ou no céu
na rosa ou no vento
que a liberdade se encontra.
Em teu corpo, livro,
ela sempre alvorece
E se te queimam, em chamas ardentes,
das cinzas ressurges sempre
a proclamar verdades
desnudar mistérios
semear amor
liberdade
paz.
Aluysio Mendonça Sampaio*
*poeta brasileiro
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2 comentários:
Gostei muito!
Abraço
Obrigado, Bernardo. Como poema do "livro", não tinha encontrado tão bom.
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