domingo, junho 07, 2015

Prosa de Domingo

A máquina do corpo, resumida nos sentidos,
dissolve a tempestade num cheiro de chuva:
recorda-me, qual súbita visagem
(sutilmente engastada
no tempo presente),
a dor de ser
sem ter
sido.

Nada
(nem cheiro
nem tempestade),
mesmo que reviva,
num segundo abençoado,
a sensação de uma outra vida (frágil
como a própria infância, dor secreta do poema),
pode, fugaz, dar-me a garantia de ter vivido.


(poeta gaúcho que hoje faz 42 anos)

1 comentário:

jrd disse...

Gráfica e poeticamente perfeito.

Abraço