quinta-feira, dezembro 25, 2014

Natal

O
que
a palavra
Natal
quis dizer é
o que continua
a querer dizer: a
celebração dum nascimento.
A celebração
porque um nascimento é
uma afirmação de vida, uma
afirmação de continuidade
de vida. O nascimento duma criança
deveria ser sempre ocasião para
alegria, júbilo, confiança. Mas a palavra
Natal-nascimento, que durante gerações
simbolizou o renascer da esperança
da salvação, hoje tem cada vez mais uma contrapartida
excessivamente dramática, pois hoje,
quantas são as crianças cujo nascimento é símbolo
de esperança e quantas são aquelas cujo nascimento
é símbolo de miséria, decadência, abandono? Para que
nascem as crianças hoje? Quem as faz nascer? Porque as
fazem nascer? Para quê as fazem nascer? Para que mundo?
Para que destino? Para que esperança? Para que lutas? Para que
sofrimentos? A misericórdia divina precisa do apoio dos homens.
Sejamos instrutivos para os que fazem nascer as crianças sem saberem
porquê e impiedosos para os que as fazem nascer para o desespero
e para o terror. Se o culto do Natal é o culto da criança salvadora da espécie,
da sociedade e do destino dos homens, então que se cuide da criança cuidando
do mundo para onde ela é trazida,
para o mundo onde ela terá de
viver, para que ela possa ser a continuada
afirmação da vida e da esperança.
Não se pode celebrar o símbolo
e descurar o seu fundamento.

 Ana Hatherly

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