quarta-feira, dezembro 24, 2014

o eterno retorno

me lembro bem, eu já fui um deus
daqueles que moviam mundos e fundos
bastava rir para ver tudo florir
mas aqueles que eu chamava de meus
aqueles que deveriam ter fé
foram virando as costas
e, sem mais nem menos, me largaram a pé
sem perguntas e sem respostas

eu sabia que a sensação de estar só
como tudo nesse mundo
um belo dia, retornaria ao pó
e assim me tornei um vagabundo
um inútil pária das estrelas
um monumento ao nada que sirva
um sinônimo de ovelha
não de pastor ou cristo ou shiva

o mundo era meu, estava escrito,
no entanto, não tomei posse
e nem deixei o bem dito pelo maldito
mas se a luz é sombra até que se mostre
encontrei no breu o farol da volta
a poesia me pegou na veia
e, com mil poetas como escolta,
voltei à vida com a caneta cheia!


(poeta paranaense nascido a 24 de Dezembro de 1950)

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