quarta-feira, outubro 30, 2013

Ela, em meu Sonho

Ela vivia num palácio mouro...
Nas harpas, os seus dedos a espreitarem
como pajens curiosos, a afastarem
os cortinados todos fios de ouro.

As suas mãos, tão leves como as aves,
ora fugiam volitando, frias,
ora pesam, trêmulas, suaves,
nas cordas, a sonharem melodias...

E os sons que ela tangia, aos seus ouvidos
chegaram, receosos de senti-la,
voltavam a não ser nunca tangidos.

É que ela, as suas mãos, as harpas de ouro,
não eram mais do que um supor ouvi-la
e o meu julgá-la num palácio mouro.


(poeta português nascido faz hoje 122 anos)

2 comentários:

Lídia Borges disse...


Nobre, esta poesia!

Merecida homenagem.

Um beijo

Flor de Jasmim disse...

Belíssimo!

beijinho e uma for