terça-feira, outubro 22, 2013

ecologia lírica

A incógnita
acontece
na cor
que nasce
e reverdece
na flor
até ao limite
de olhá-la
como ela
é

O que é que cicia
o mistério (a essência)
desta atmosfera
de sol do meio dia
cuja transparência
parece que gera
o que a terra cria

Todos os mitos
imortais
cabem
subitamente
nos alicerces
originais
da semente

A pétala sabe
o destino oculto
de todas as coisas
onde o sol começa

Criar primeiro o ovo
para a raiz
do pássaro que voa
aquém da casca
Mudar depois as asas
da natureza
sem deixar de ser ave
e ser flor
gerar o movimento
assim eterno
da origem de ser
o que já é

O orvalho
respira
a solidão
da noite
na boca
da manhã

Um sopro
de luz
abre
no espaço
uma fenda
clara
para o dia
que nasce


(poeta português falecido faz hoje 25 anos)

1 comentário:

Sofá Amarelo disse...

O orvalho da manhã é sempre uma incógnita em forma de sopro de luz...