quinta-feira, outubro 11, 2012

Litania

O teu rosto inclinado pelo vento...
A feroz brancura dos teus dentes,
As mãos, de certo modo, irresponsáveis...
E contudo sombrias, e contudo transparentes.

O triunfo cruel das tuas pernas,
Colunas em repouso se anoitece.
O peito raso, claro, feito de água,
A boca sossegada onde apetece...

Navegar ou cantar, ou simplesmente ser
A cor d'um fruto, ou peso d'uma flor,
As palavras mordendo a solidão,
Atravessadas de alegria e de terror,
São a grande razão... são a única razão...


(escritor brasileiro falecido faz hoje 8 anos)

3 comentários:

Hanaé Pais disse...

Eugénio de Andrade

Helenice Priedols disse...

Sim, Eugénio de Andrade.

Abraços.

Paz e Luz

Anónimo disse...

O autor do poema é Eugenio de Andrade