O Medo
Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.
É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.
Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?
(Manuel António Pina nasceu no Sabugal a 18 de Novembro de 1943)
2 comentários:
Há que não ter medo de juntar as palavras.
Uma bela escolha, meu caro!
O lixo começa a inundar Lisboa
e não há águas do formoso Tejo
que as consigam limpar...
Forte abraço
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