sexta-feira, novembro 12, 2010

Fragmentos de um coro

Nós
         os de cinza e tempo
nós os de olhar barrado
nós os de céus ardendo
e ventos desfigurados
nós os de mito e queda
nós os de mãos atadas
ecos
         desdobrando
                            gritos
mudos mantos desdobrados
nós silenciados muros
de desesperos caiados
nós cegos irmãos em luto
por mundos manietados
nós sonâmbulos
                   remotos
nós vagos
só recordados
os estáticos andantes
escuramente pisados
nós os egressos da sede
diuturnamente velada
nós o exílio de nós mesmos
viva lâmpada apagada
nós entre o infinito e o medo
esparsos
            desencontrados
nós frios
de cinza e tempo
em tempo e cinza
                       encerrados.


(no 70º aniversário do seu nascimento)

2 comentários:

JPV disse...

bom poema

o Lino, no que diz respeito à política, tem alguns defeitos graves

mas tem um excelente gosto literário

jrd disse...

Fragmentos de vozes "mortas".
Abraço