quinta-feira, novembro 18, 2010

O Medo

Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.

É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.

Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?


(Manuel António Pina nasceu no Sabugal a 18 de Novembro de 1943)

2 comentários:

jrd disse...

Há que não ter medo de juntar as palavras.

vieira calado disse...

Uma bela escolha, meu caro!

O lixo começa a inundar Lisboa

e não há águas do formoso Tejo

que as consigam limpar...

Forte abraço