O poeta
Porque as flores florem e o flume flui, 
e o vento varre a fúria vã das ruas, 
eu desenfurno tudo quanto fui 
e me corôo com meus sóis e luas.
Porque o vôo das aves é meu vôo, 
e a nuvem é alcáçar que não rui, 
paro a mó do pensamento onde môo 
a vida, e abro no muro que me obstrui
a áurea, ástrea senda, a porta augusta. 
Que me importa se a clepsidra corrói 
as praças das infâncias em ruínas?
Poemas são meninos e meninas 
ao sol do Pai, que tudo reconstrói. 
Poeta é flor e flume em terra adusta.
Fernando Mendes Vianna*
*poeta brasileiro
 
 
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