domingo, junho 10, 2007

Camões


Nos últimos dias quase não tenho visto televisão. Mas ontem, enquanto esperava pelo jogo anual organizado pela Fundação do Luís Figo, vi, de relance, uma notícia que me deixou profundamente triste.

Tratou-se de uma cerimónia em que participavam o Presidente da República e o segundo candidato mais votado, na qual se pôde ouvir os dois a "recitar" versos da primeira estrofe do primeiro Canto dos Lusíadas.

Mal vai um país quando o seu Presidente não faz a mínima ideia do que é recitar alguns alexandrinos da epopeia nacional.

Não se pode exigir ao Professor Cavaco Silva que "diga" poemas da mesma forma que os "diz" Manuel Alegre. Este, além de ser um poeta que vive a poesia, sabe dizê-la como poucos. Só o Mário Viegas, O Ary, o Armando Caldas e poucos mais (que eu conheça ou tenha conhecido) tinham uma semelhante capacidade de "dizer".

Mas a um Presidente da República pede-se que saiba, ao menos, ler bem lido. Até podia ter treinado em casa, pois um ano e tal de mandato já foi tempo suficiente para ler os Lusíadas, saber quantos Cantos tem e não tartamuderar ao ler os quatro primeiros versos. Podia, mesmo, ter pedido ajuda à Dra. Maria que, segundo consta, é pessoa dada às letras. Ter-nos-ia poupado a tão triste figura. É que ser um bom economistas (mesmo na perspectiva liberal), não é, forçosamente, sinónimo de ser um "iliterata" literário.

3 comentários:

GMaciel disse...

Também me fez alguma confusão, lino. Até ontem, cria piamente que qualquer português conhecia de cor, no mínimo, a primeira estrofe do primeiro canto d' "Os Lusíadas".
No meu espanto prevaleceu "quem" eu via falhar redondamente, e não o "quê".
Afinal não sou tão inculta quanto isso.
:)
jocas grandes

lino disse...

Inculta, tu, Graça? Da forma como escreves, tomara muito PR ter a tua cultura! :)

Jocas grandes

Eurydice disse...

As coisas a que eu escapo por não ver televisão!... eheheh