quarta-feira, dezembro 06, 2006

Ser pelo direito à vida também pode significar votar sim Muitos argumentos têm sido apresentados a favor e contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas. Uns quase anedóticos, outros muito maus, alguns convincentes e logicamente sustentáveis. De um lado e do outro. Como não sou filósofo, não me sinto capacitado para aqui esgrimir apoios ou contestações, nem considero que este seja o espaço indicado para tal. Por outro lado, embora seja crente, católico praticante e com alguns conhecimentos de teologia, não creio que tenha o direito de impor a ninguém a perspectiva da religião que professo, porque considero que os seus ditames se aplicam apenas aos crentes. Nesta questão como em muitas outras. A minha posição a respeito do próximo referendo não se fundamentará, portanto, em quaisquer argumentos de ordem religiosa. Os grandes especialistas em ética, a nível mundial, não discutem que haja vida humana a partir do momento da concepção, pois, certamente, há. Como a há num óvulo, num espermatozóide ou numa simples célula, embora num estádio de desenvolvimento menos avançado. O que discutem é se a vida do embrião e do feto até uma determinada etapa do seu crescimento têm o mesmo valor e são titulares dos mesmos direitos que são atribuídos aos seres humanos já nascidos ou aos fetos mais desenvolvidos sendo, portanto, titulares de direitos que cumpra aos estados salvaguardar. Alguns defendem que sim, muitos outros defendem que não. Desde os mais radicais de ambos os lados, até aos que sustentam que sim embora considerem que, em determinadas circunstâncias, a interrupção voluntária da gravidez será eticamente aceitável. Pela minha parte, a análise dos vários argumentos em confronto levou-me a uma conclusão: se nos abstrairmos daquilo a que as várias religiões cristãs chamam o princípio da “dignidade humana”, até para bastante além das 10 semanas o feto humano não tem interesses que devam ser salvaguardados pelo estado, dado que não lhe é infligida dor nem lhe são cerceados quaisquer direitos já adquiridos. Em conformidade com tal conclusão, no próximo dia 11 de Fevereiro de 2007 estarei, salvo impedimento ponderoso, na minha assembleia de voto para exercer o meu dever de cidadania e votar SIM.

7 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

Certíssimo!

lino disse...

Obrigado, meu primeiro visitante!

Anónimo disse...

Obrigada pela sua visita ao meu blogue. Também votarei sim, no próximo referendo.

lino disse...

Bem vinda, Sofia. Frequento diariamente o seu blogue desde que o descobri, meses atrás, e já lá tinha comentado. Só que o meu ainda não estava no ar. Obrigado pela sua visita.

Anónimo disse...

Gostei do blog.
Gostei da linguagem clara que utiliza.
Gostei dos princípios que tem estado a defender.
Esta minha concordância não tem que ver com o vinho alentejano (que, temporariamente, estou impedido de beber), pelo que só pode ser do envelhecimento precoce.
Abraço.
Não páre.

lino disse...

Abraço, José Moreira.
Também tenho passado pelo blog das tripas. Por falar em tripas, gosto bem delas à moda do Porto. É que eu sou minhoto, limiano de gema. Mas tenho de ter cuidado. A PDI e a diabetes surgida há 2 anos não perdoam.

maria disse...

Caro lino,

Obrigada pelos seus votos no meu blogue.

Quanto ao assunto do post, concordo consigo. O meu voto também é sim.