sexta-feira, outubro 30, 2015

Recordando

Sinto as cores, da noite, terem medo
e acolherem-se à sombra do teu luto.
Eu fui um rei dos godos, que em Toledo
o Tejo adormeceu e ainda escuto.

Cercam-se de oiro as salas que habitei,
oiro-cinza esquecido, oiro dormente.
E em minha Alma, na qual inda sou rei,
Cismo tronos caindo lentamente.

Buscam-me pajens tristes nos caminhos.
E a minha lenda em sonhos pergaminhos
vai escrevendo em silêncio o meu cismar.

São outros os domínios que vivi.
Todas as coisas que eu outrora vi
regressaram mistério ao meu olhar.


(poeta português nascido faz hoje 124 anos)

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