terça-feira, outubro 27, 2015

A um estrangeiro

Isto de ser poeta e português
Não é tão simples como imaginais.
Vede em Camões, Antero e Pascoaes
O que essa estrela dúplice lhes fez.

É uma f 'rida que não sara mais
A que fizera luz que alguma vez
Aureolou as frontes desses três
E doutros, cujas vidas ignorais:

Gomes Leal, Cesário Verde... tantos!
Se fossem doutro povo, doutra raça,
Seriam geniais, - mas sem desgraça.

Os poetas, aqui, são como os Santos:
Não conhecem os frutos dos seus prantos
E a glória é póstuma ilusão que passa.


(poeta português falecido faz hoje 66 anos)

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