Deixai os
doidos governar entre comparsas
Deixai os
doidos governar entre comparsas!
Deixai-os
declamar dos seus balcões
Sobre as
praças desertas!
Deixai as
frases odiosas que eles disserem,
Como
morcegos à luz do Sol,
Atónitas
baterem de parede em parede,
Até morrerem
no ar
Que as não
ouviu
Nem percutiu
À distância
da multidão que partiu!
Deixai-os
gritar pelos salões vazios,
Eles, os
portentosos mais que os mares,
Eles, os
caudalosos mais que os rios,
O medo de
estar sós
Entre os
milhares
De esgares
Reflectidos
nos colossais
Cristais
Hílares
Que a sua
grandeza lhes sonhou!
(poeta
português falecido em Lourenço Marques faz hoje 56 anos)