Uma Voz na
Pedra
Não sei
se respondo
ou se pergunto.
Sou uma voz
que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um
pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a
sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito
ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha
ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta
pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo
não sei. Amo em total abandono.
Sinto a
minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e
ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou
perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero
conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a
destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém
que espera ser aberto por uma palavra.
(António
Ramos Rosa faleceu faz hoje 1 ano)
2 comentários:
O nosso Ramos Rosa
Um ano, já!
Palavras de luz... Gosto muito.
Um beijo
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