segunda-feira, julho 07, 2014

Canção de Batalha

Que durmam, muito embora, os pálidos amantes,
Que andaram contemplando a Lua branca e fria...
Levantai-vos, heróis, e despertai, gigantes!
Já canta pelo azul sereno a cotovia
E já rasga o arado as terras fumegantes...

Entra-nos pelo peito em borbotões joviais
Este sangue de luz que a madrugada entorna!
Poetas, que somos nós? Ferreiros d'arsenais;
E bater, é bater com alma na bigorna
As estrofes de bronze, as lanças e os punhais.

Acendei a fornalha enorme - a Inspiração.
Dai-lhe lenha - A Verdade, a Justiça, o Direito -
E harmonia e pureza, e febre, e indignação;
E p'ra que a labareda irrompa, abri o peito
E atirai ao braseiro, ardendo, o coração!

Há-de-nos devorar, talvez, o incêndio; embora!
O poeta é como o Sol: o fogo que ele encerra
É quem espalha a luz nessa amplidão sonora...
Queimemo-nos a nós, iluminando a Terra!
Somos lava, e a lava é quem produz a aurora!


(Guerra Junqueiro faleceu faz hoje 93 anos)

2 comentários:

Kalinka disse...


e eu gosto deste blog

com POESIA
e
MÚSICA


dedos mágicos,
que buscam a perfeição
das palavras
e dos sons
.
Obrigado pela partilha

EU
continuo
com o meu lema:
Gaste mais horas
realizando que sonhando,
fazendo que planejando,
vivendo que esperando...

se quiser espreitar
é só seguir
o link


http://tempolivremundo.blogspot.pt/

imagens do início
do meu sábado,
em S. Martinho do Porto

Beijo amigo
da Tulipa/Kalynka

jrd disse...

Esta é a poesia dos dos dias de hoje.
Um grande Poeta.

Abraço