domingo, maio 08, 2011


NAU SEM RUMO

Não preciso de cartas de navegação:
basta-me o sonho de travessias impossíveis.

Caminhar sobre a superfície do oceano,
pisando em pássaros submarinos,
tropeçando em ruínas de outras civilizações,
beijando cadáveres de náufragos,
até a definitiva conversão em água, sal e vento.

Sei que não tenho destino.
É o destino que me possui.
As correntezas traçam a rota
e as tempestades preparam o naufrágio.

O mar não precisa de caminhos,
tece na solidão as formas da morte,
enquanto o vento entoa cantos fúnebres
sobre os campos azuis do país marítimo.

O mar não precisa de navios,
precisa apenas de corpos.

José Antônio Cavalcanti

(poeta brasileiro)

2 comentários:

Sensualidades disse...

nao ter rumo pode ser divertido

Bjinhos
Paula

jrd disse...

O mar é o (um) caminho