Obviedades para ceguetas
Ontem, um jornalista português credenciado visitou um hospital de Benghazi e entrevistou um médico jovem que estava a tratar um ferido, “rebelde”, como lhe chamou. Interrogando-se sobre a possibilidade de os bombardeamentos da NATO fazerem feridos entre os civis perguntou ao médico se tinha recebido muito civis, ao que aquele respondeu: nenhum.
Ficou-se por aí a notícia, incutindo no telespectador uma quase certeza de que a NATO não faz vítimas entre os civis. O que ficou por questionar foi se os bombardeamentos não matarão civis na Líbia, de um modo tão certeiro que não fica ninguém para contar. Pelas experiências da Sérvia/Montenegro, do Afeganistão e do Paquistão e pelo medo espelhado no rosto de um outro jornalista que estava em Tripoli quando os bombardeamentos “humanitários” começaram, não restarão grandes dúvidas de que o morticínio será elevado. Ou será que no autocarro da imagem apenas viajavam militares do regime?