sábado, fevereiro 26, 2011


PARÁBOLA

O frio da noite
é um impulso invisível
ao oculto
desconhecido -
as aves migrantes há muito
partiram
em direcção
a outro lado
deixam as cidades
poluídas
por cemitérios de sucata
e baldios onde
crianças sem-nome
dormitam
no silêncio das estrelas
as mãos pequenas
inflamadas
mal aquecem em volta
das fogueiras de rua
cada lágrima é um verso
traçado a fogo
como sinal genético
predefinido
a barreira das dunas
sua última fronteira

assim
a cor do fumo
deste imenso nevoeiro
fala ao nosso tempo
deixando
ante os vírus mortais
um recado de inverno
intimidado
neste vagar

só de manhã
o sol aparece... a enxugar as lágrimas

2 comentários:

jrd disse...

Um parábola que e uma verdade dolorosa.

Abraço

Carmo disse...

A realidade das grandes cidades.
A indiferença,
A solidão
Um abraço
Boa semana