Morrer de sede 
Estrangeiro que fui no meu país, 
saltei fronteiras a tentar a sorte. 
Estrangeiro que sou, perdi o norte, 
corri o mundo, não deitei raiz. 
É meu rasgado e velho passaporte 
a sede antiga, esta cicatriz 
queimadura que diz e contradiz 
a pátria calcinada até à morte. 
Mas torno sempre ao lar: fornalha, frágua, 
cinzas e pedras sob cada ponte. 
Orvalho, quando o há, é só de mágoa. 
E quando exijo ao verde que desponte 
e vem Abril abrir-se em olhos d'água, 
vou eu morrer de sede ao pé da fonte. 
 
 
4 comentários:
À míngua da água, poema de mágoa.
Muito bom.
olha gostei, e n sou nada de poesias
gostei muito do poema. de um poeta para mim desconhecido. que vou tentar descobrir...
abraços
:))
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