segunda-feira, abril 04, 2016

Bilhete de Amiga

Não me queira mal
Não me queira tanto
Logo virá o desencanto
E não tenho mais palavras
Para agradecer o silêncio
O vazio de pessoas
A ausência redentora.

Lavei aquele coração de plástico
Onde está escrito “eu te amo”
- presente de uma amiga -
soprei o ar até completar o cheio
e pendurei-o num prego existente
na porta de entrada, que também é saída.
Ali ele está, presente, sempre, e tanto
Que nem se vê e nem se sente, pronto
Para se encher de poeira e murchar
Novamente,
Até a próxima encarnação.


(escritora sergipiana que hoje faz 69 anos)

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