sexta-feira, novembro 27, 2015

Rosa Única

As ervas crescem agora
Em todos os crepúsculos onde antes sorrias.

As ervas ou o esquecimento. Tudo igual.
Entre minha dor e o teu silêncio
Há uma rua pela qual caminhas lentamente.

Há coisas que não digo porque certas palavras
São como embarcar em intermináveis viagens.

Para o meu amor sempre terás vinte anos.
Ainda que eu cante nos teus olhos sempre haverá água limpa.
E, para sempre,
Meu amor te circunda de cristal.

Podes morrer mil vezes.
Imutável em meu canto estais.
Posso esquecer-te,
Mas, esquecida, resplandecerás.

Que são os vagalumes
Senão remotas luzes
Que, no passado, amadores incendiaram?
Que são senão carvões
de fogueiras que perduram,
até que tuas faces e bocas se rompam?

Te digo que nem o orvalho
com teu rosto se atreverá

Não envelhecerá a moça
que, reclinada em meu sangue,
Um dia olhou uma rosa até fazê-la eterna.

Agora a Rosa eterna está.
Eu a distingo como única,
perfeita, nos jardins.
Pelas montanhas e encostas
buscam por elas os índios.
Só meus olhos que teus olhos viram,
Podem ver.


(escritor peruano falecido faz hoje 32 anos)

Sem comentários: