domingo, agosto 23, 2015

A morta

Sua carne e sua alma
ficaram quietas e mudas.
Seu grande corpo hirto e branco
era uma estátua horizontal
feita de gelo e silêncio.

Nós ficamos bruscamente sem saber
se estávamos diante de uma pedra
ou de um mundo sem acústica.

Ela sorria um sorriso enigmático
desafiando nossa perplexidade
e em meio à nossa aflição
somente ela era serena.

Então essa coisa pacífica e absurda
encheu-nos de medo
porque era mais terrível do que uma coisa viva.


(poeta paulista falecido faz hoje 27 anos)

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