terça-feira, janeiro 03, 2012

Nevoeiro 

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...  

É a Hora! 

Fernando Pessoa

2 comentários:

jrd disse...

Cada vez mais cerrado!...

Manuel Veiga disse...

façamos a Hora!...

abraço