domingo, novembro 20, 2016

Tristeza

Como as ervas de humilde condição
Que ninguém colhe e ninguém procura
Ficará o meu tesouro de ternura
Condenado à mais triste condição…

O mal que me tens feito, sem razão,
Porque excede os limites da tortura
Rejeitar-nos alguém por desventura
Aquilo que se dá do coração!…

Oh! difícil é dar sem ter o quê…
Mas receber da mão de quem nos dê
É tão fácil, meu Deus, e não m’aceitas!…

Se nada peço que razões alegas?
Eu não choro o carinho que me negas…
Eu choro sobre o meu que tu rejeitas!…


(poetisa portuense falecida faz hoje 36 anos)

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