domingo, setembro 23, 2012

Morre lentamente

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Morre lentamente...


(Pablo Neruda faleceu – ou foi assassinado – faz hoje 39 anos)

1 comentário:

tulipa disse...

ADORO PABLO NERUDA
e estas suas palavras
tão verdadeiras!!!

Chegou a minha estação do ano preferida - belas fotos com as diferentes cores das folhas...
ADORO!

Venho convidar-te a visitar o meu blog
http://pensamentosimagens.blogspot.pt/

Em época de transição do Verão para o Outono, achei um soneto de William Shakespeare adequado e fiz o post juntamente com uma imagem de minha autoria, como já é habitual.
Partilho um pouco do soneto:

Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno

Nos MOMENTOS PERFEITOS mostro a minha participação no Raid Fotográfico da Moita.

Cá espero por ti.
Beijos de Outono.