quinta-feira, agosto 25, 2011


Constatação

Chega um tempo em que as nuvens não te reconhecem.
Não digas nada.
Longe não deslindas um som que te freqüentava.
Não aguces os ouvidos.
Na gruta passam por ti como se te não vissem.
Não esfregues os olhos.
Caminhas pela campina e teus pés nada sentem.
Não troques de passo.
A palavra não é mais dita, apenas lida por outrem.
Não fales nada.

No universo transverso desse tempo
Na contramão de versos claudicantes
Ainda restam as mãos para o incêndio das horas.


(poeta amazonense falecido a 25 de Agosto de 2009)

4 comentários:

Manuel Veiga disse...

deixa que a VIDA te escreva e ouvirás os sons das núvens...

gostei muito.

abraços

São disse...

Onde d43scobre poesia assim?

O meu grato abraço.

Maria de Fátima Filipe disse...

Lindíssimo!

Beijo.

Jorge Sader Filho disse...

Lino, você contribui mais para a literatura brasileira do que muitos críticos daqui.
Obrigado.

Grande abraço,
Jorge