Les
Evenements
Havia o céu
- eis tudo
(e um azul
incompatível
com a minha
dignidade
de poeta
sufocado
pelos
acontecimentos)
No teu seio,
de pé, o Minotauro,
e a paz que
me ofertavas - tão impura -
mergulhava
no mundo das raízes.
Havia a
catalogar os nomes,
(desde Adão
ao último da Silva)
os dias,
(amontoados
à sombra de uma solitária inquietude)
as raças,
(segundo as
suas características mais pronunciadas:
o estúpido,
o neutro, o bem-amado).
Havia a
considerar o trágico e o grotesco
(as cartas,
os
aniversários,
o velho
álbum de fotografias
onde ao
virar da página
perdia-se a
fralda e a castidade)
os
fantasmas,
(rigorosamente
classificados segundo a ordem e a hierarquia)
as doenças,
(observadas
pela maior ou menor frequência dos desesperos
ou
diagnosticadas pela relativa fidelidade
ao último
poema)
Depois o
abandono,
completo,
absoluto,
(nem um
sopro de fé para deter-me,
nem um lenho
de cruz para deitar-me)
(poeta
paraense falecido faz hoje 25 anos)
1 comentário:
Sucedem-se.
Um abraço
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