Colunas do
tempo
Ardem meus
pés na turfa da existência,
pés doridos
de avanços e recuos,
nem há como
atenuar a dor intensa
que é látego
de nervos e perguntas.
Sinto-me
planta um plátano partido
pés fincados
no chão,
estaca
lavrada e fria
relegada à
beira do caminho.
É o que
resta da vida em labirinto
esgalhada em
mil aspirações,
vida barroca
incerta e retorcida
à sombra de
arabescos e ouropéis.
Como as
colunas dóricas perduram!
Esguias
retilíneas intocáveis
em sua
heráldica forma para o alto,
sem frisos
ou volutas perturbando
a serena
ascensão vertical.
Quem já se
lembra dos antigos ritos
à luz do
templo-templo eleusínio
na secreta
unidade da semente
donde brotam
vitórias e derrotas
que são
vaidade e cruz da espécie humana?
É tarde, é
muito tarde!
Nem há mais
púlpito ou monge que o proclame
para que as
horas voltem à sua fonte
na comunhão
dos homens e dos deuses.
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