Drama na
cela disciplinar
A aranha
monstruosa está com apepsia:
Dou-lhe a
aprazada mosca sempre à hora habitual,
Mas não
galga o violino como já fazia,
Solerte,
amarela e negro, para a fatal
Deglutição.
E só já reage à terceira
Fumarada do
meu cigarro. Enfim, zangada:
Não me
lembrei ver se aquela insulsa rameira,
Já tonta,
que lhe dei, estaria tocada
Pelo
insecticida de horas antes. Farricoco
De moscardos
a boa vida ou domador
Falhado,
restam-me as paredes e eu - oco
No cerne - estes
fonemas a doer, o calor
E o frio; a
loucura, os janízaros bem pouco
Amigos, a
colite, os versos sem valor...
(poeta
angolano que hoje faria 82 anos)
1 comentário:
A poesia pode ser um retrato cruel da reclusão.
Abraço
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