Coroa mural
Muro que
hoje separa
os homens
em passado e
futuro,
que divide,
agora,
o coração em
dois: em oriente
e ocidente.
Divide o sol
em dois:
em dois
mistérios.
Divide o
mundo em dois:
em dois
hemisférios,
Ou em dois
cemitérios?
No labirinto
do
desentendimento humano
o anjo
rebelde
se debate em
busca
de uma
saída.
E ao mesmo
tempo, é expulso
de uma cor
para outra,
deixando os
pés escritos
em areia e
neve,
na rude
geografia
das
injustiças.
(Só a dor e
as estrelas
são
universais).
Mas, como
destruí-lo?
Com as
velhas trombetas
de Jericó,
já douradas
de pó?
Recolocando,
no ar,
em seu
lugar, agora
o novo arco
celeste
de uma ponte
pênsil?
Ou com a
lira em flor
Que Anfião
tocou em Tebas?
Anfião, a
quem possam
as pedras
transformar-se,
de novo, em
pássaros?
Ou com o sol
de hidrogênio
e só pelo
consolo
de
morrermos, todos,
- todos, ao
mesmo tempo -
e, assim, um
ser irmão
do outro,
por prêmio?
Ah! o herói
obscuro
a quem -
todos - pudéssemos.
os que
sofremos dentro
e fora do
muro;
de um só
mal, todos presa,
ofertar,
toda em ouro,
a coroa
mural,
Igual à que
os romanos,
num afresco
antigo,
estão
oferecendo,
sob um céu
de turquesa,
ao primeiro
soldado
que escalou
a muralha
de uma fortaleza.
O dia é
geográfico
A noite é
universal.
Mas, se Deus
ouvir rádio,
esteja onde
estiver,
ouvirá o meu
grito:
por que a
noite nos une
e o dia nos
separa?
(poeta
brasileiro falecido faz hoje 41 anos)
1 comentário:
OBRIGADO LINO
PELA VISITA E COMENTÁRIO
POESIA é o forte aqui no seu blog
Vou descobrindo através da sua partilha, óptimos poetas.
Pouca poesia uso nos meus posts,
é verdade;
no entanto se descubro alguma poesia que tenha a ver com a minha vivência, agarro-a e partilho.
Foi o que aconteceu com a poesia
de Mário Dionísio!
As imagens são sempre de minha autoria
Obrigado pelo elogio.
Beijinho
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