Bandeira
Rota
Eu chego
sempre tarde quando chego;
Esqueço-me
de mim, a conversar comigo,
Cavaleiro
manchego!
- Que nobres
intenções, na hora de sossego;
Que vãs
prudências vis, na hora do perigo!
(A noiva que
me fora prometida
Vai subir ao
altar, por outro acompanhada,
Eu disse-me,
demais, ao ouvido: "Toda a vida!"
Foi a pensar
em mim que me rasguei na ferida
E fiquei
para trás, a tropeçar na espada).
Quando
escrevo "aventura" desconheço
Que a
palavra tem sangue e carne e alma.
Sei-a
moldar, mas só em barro ou gesso;
Doce carícia
lírica num verso,
Quando a
paisagem se distende, calma.
Mas quando
me soluçam "Vem!" e é guerra
E esperam
por mim, pra um novo dia,
Indago-me:
"0 que fica além da terra?"
Que enigmas
de fé meu sonho encerra,
Mascarando
em prudência a covardia!
Pé-ante-é,
caminho, à espera, alerta,
Que venha
ter comigo quem procuro;
Que me
traga, em bandeja, uma vitória certa,
Que me
enfie, no bolso, a índia descoberta
E eu possa,
enfim, seguir, glorioso e seguro.
Por isso
chego tarde quando chego;
Esquecido de
mim, a conversar comigo.
Cavaleiro de
manchego!
- Que nobres
intenções, na hora do sossego;
Que vãs
prudências vis, na hora do perigo!
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