Quando Eu
Partir
Quando eu
partir, quando eu partir de novo
A alma e o
corpo unidos,
Num último e
derradeiro esforço de criação;
Quando eu
partir...
Como se um
outro ser nascesse
De uma
crisália prestes a morrer sobre um muro estéril,
E sem que o
milagre se abrisse
As janelas
da vida. . .
Então
pertencer-me-ei.
Na minha
solidão, as minhas lágrimas
Hão de ter o
gosto dos horizontes sonhados na adolescência,
E eu serei o
senhor da minha própria liberdade.
Nada ficará
no lugar que eu ocupei.
O último
adeus virá daquelas mãos abertas
Que hão de
abençoar um mundo renegado
No silêncio
de uma noite em que um navio
Me levará
para sempre.
Mas ali
Hei de
habitar no coração de certos que me amaram;
Ali hei de
ser eu como eles próprios me sonharam;
Irremediavelmente...
Para sempre.
(Ruy Cinatti
nasceu faz hoje 101 anos)
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