Exílio
A Alberto de Serpa
Porque esquecemos os gestos exactos
e a pureza da linguagem revelada
e despertos na noite dos tempos
aguardamos não sei que manhã clara?
são tão inúteis nossos gestos!
Não entendemos nenhuma fala.
Porque esquecemos os símbolos dos astros.
o aviso das estrelas e dos ventos?
Porque criamos um deus implacável
que nos exige o ouro, a mirra, o incenso?
E conscientes do bem e do mal
Procuramos o mal
como um aturdimento?
Expulsou-nos do
claro Paraíso
o anjo chamejante
das batalhas,
cujo gládio, na
encruzilhada do destino,
a cada instante
rasga novos mapas.
Nós aqui estamos
esperando. Que esperamos
se não temos
esperança em nada?
(escritora
vianense nascida faz hoje 97 anos)
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