Enigma Lua
Esqueceste
o touro e o
grito
a parede
branca e fria
a cabeça
decepada enfunada
vento sangue
ferido.
Esqueceste
a lâmpada no
teto amarelo
rio de
sombra corrido
cavalo
eriçado na tábua
no quarto.
Esqueceste
a cova onde
Sangue e
olhos
enterraste
Esqueceste e
alienado nos salões
Ficaste cheirando
orquídeas inodoras
sapatinhos
de papa ocos
réplicas
estéticas à metralha
dos aviões.
Cansado?
Inútil? Delinquente? Vazio?
Quem te
poderá julgar?
Eu só sei
rasgar enigma
contra
razões da terra
olhos que
espanto me crava
na lua da
tarde que erra.
Presença de
transparência
na força que
assim me arde
na lua de
noite branca
me banho
fantasma árvore.
Sombra na
sombra lua
enigma junto
à janela.
Esqueceste
mas não
comigo
esqueceste a
lâmpada amarela do abrigo
e as quatro
paredes frias.
Esqueceste
mas não
comigo.
(poetisa
moçambicana nascida faz hoje 94 anos)
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