O animal da
floresta
De madeira
lilás (ninguém me crê)
se fez meu
coração. Espécie escassa
de cedro,
pela cor e porque abriga
em seu âmago
a morte que o ameaça.
Madeira
dói?, pergunta quem me vê
os braços
verdes, os olhos cheios de asas.
Por mim
responde a luz do amanhecer
que recobre
de escamas esmaltadas
as águas
densas que me deram raça
e cantam nas
raízes do meu ser.
No
crepúsculo estou da ribanceira
entre as
estrelas e o chão que me abençoa
as nervuras.
Já não faz
mal que doa
meu bravo
coração de água e madeira.
(poeta
amazonense que hoje faz 90 anos)
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