Valsa nos
ramos
Caiu uma
folha.
E duas.
E três.
Na lua
nadava um peixe.
A água dorme
uma hora
e o mar
branco dorme cem.
A dama
estava morta
na rama.
A monja
cantava
dentro da toronja.
A menina
pelo pinho
ia até à pinha.
E o pinho
buscava a
plúmula do trino.
Mas o
rouxinol
chorava suas
feridas em redor do sol.
E eu também
porque caiu
uma folha
e duas
e três.
E uma cabeça
de cristal
e um violino
de papel.
E a neve
poderia com o mundo,
se a neve
dormisse todo o mês,
e os ramos
lutavam com o mundo,
um a um,
dois a dois
três a três.
Oh duro
marfim de carnes invisíveis!
Oh golfo sem
formigas ao amanhecer!
Chegará um
torso de sombra
coroado de
louros.
Será o céu
para o vento
duro como
uma parede
e os ramos
arrancados
irão dançar
com ele.
Um a um
em volta da
lua,
dois a dois
em volta do
sol,
e três a
três
para que os
marfins adormeçam bem.
(poeta
andaluz assassinado faz hoje 78 anos)
1 comentário:
Eterno na memória da poesia hispânica.
Um abraço
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