Testamento
Aberto
Só para ver
curar minhas pernas partidas 
Nas dores
eternas 
Dos saltos
gorados, 
Eu amo a
aparente inconsciência dos loucos, 
Embora fique
aos poucos nos meus saltos 
Desabridos e
falhados. 
Apraz-me, no
espelho, esta face esmagada, 
À força de
querer transpor o além 
Da minha
porta fechada... 
Porém, 
Seja o que
for, que seja, 
Se uma
CERTEZA alcanço 
E uma mulher
me beija. 
Que importa 
Que eu fique
molemente olhando a minha porta 
Aberta, 
Ou que eu
parta e a morte me espreite 
Num
desfiladeiro?... 
E quem virá
chorar e quem virá, 
Se a morte
que vier for a de lá 
Certeira e
minha... 
E merecida
como um sono que se dorme 
Após a noite
perdida?... 
E que
piedade anda a escrever um frágil, 
Na embalagem
dos ossos 
Que trago
emprestados... 
Que deixarei
ficar ao sol e à chuva 
E que serão
limados 
No entulho
dos calhaus que também foram rocha?... 
Para quê, se
mil vezes provoco 
Os tombos do
chegar e do partir?! 
- A minha
fragilidade 
Foi-me dada 
Para me
servir. 
(poeta
ansianense falecido faz hoje 75 anos)
 
 
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