Evolução
Fui rocha em
tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou
ramo na incógnita floresta...
Onda,
espumei, quebrando-me na aresta
Do granito,
antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera
talvez, buscando abrigo
Na caverna
que ensombra urze e giesta;
O, monstro
primitivo, ergui a testa
No limoso
paúl, glauco pascigo...
Hoje sou
homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus
pés, a escada multiforme,
Que desce,
em espirais, da imensidade...
Interrogo o
infinito e às vezes choro...
Mas
estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro
unicamente à liberdade.
(Antero de
Quental faleceu a 11 de Setembro de 1891)
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