Intangível
Quero-te
como quero à abóbada nocturna,
Ó vazo de
tristeza, ó grande taciturna!
E tanto mais
te quero, ó minha bem amada,
Por te ver a
fugir, mostrando-te empenhada
Em fazer
aumentar, irónica, a distância
Que me
separa a mim da celestial estância.
Bem a quero
atingir, a abóbada estrelada,
Mas, se
julgo alcançar, vejo-a mais afastada!
Pois se eu
adoro até - ferro monstro, acredita! -
O teu frio
desdém, que te faz mais bonita!
(Charles
Baudelaire faleceu a 31 de Agosto de 1867)
Tradução de
Delfim Guimarães
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