As Palavras
São como
cristal, as palavras.
Algumas, um
punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas
vêm, cheias de memória.
Inseguras
navegam:
barcos ou
beijos,
as águas
estremecem.
Desamparadas,
inocentes, leves.
Tecidas são
de luz e são a noite.
E mesmo
pálidas
verdes
paraísos lembram ainda.
Quem as
escuta?
Quem as
recolhe, assim,
cruéis,
desfeitas,
nas suas
conchas puras?
(Eugénio de
Andrade faleceu faz hoje 11 anos)
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