Pensar alto
Sim
às
marrabentas
às danças
rituais
que nas
madrugadas
criam o
frenesi
quando os
tambores e as flautas entram a fanfarrar
fanfarrando
até o vermelho da madrugada fazer o solo sangrar
em contraste
com o verdurar das canções dos pássaros
sobre o já
verduzido manto das mangueiras
dos
cajueiros prenhes
para em
Dezembro seus rebentos
dançarem
como mulheres sensualíssimas
em cada ramo
do cajual da minha terra
mas, sim ao
orgasmo
das mafurreiras
repletas de
chiricos
das rolas
ciosas pela simbiose que só a natureza sabe oferecer
mas sim
ao som
estridente do kulunguana
das donzelas
no zig-zague dos ritos
quando as
gazelas tão belas
não suportam
mais quarenta graus à sombra dos canhueiros em flor
enquanto as
oleiras da aldeia, desta grande aldeia Moçambique
amassam o
barro dos rios
para o pote
feito ser o depositário
de todo o
íntimo desse Povo que se não cala disputando
ecoosamente
com os tambores do meu ontem antigo.
(Malangatana
nasceu faz hoje 80 anos)
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