segunda-feira, outubro 05, 2015

Sem Abrigo

Só nos meus poemas encontro morada
Abrigo diferente não me foi cedido;
Ao próprio lar nunca me vi atraído,
E a tenda p’lo vento brutal foi levada.

Só nos meus poemas encontro morada.
E, se tal refúgio consigo nos matos,
Em estepes, cidades ou sítios ingratos,
Miséria nenhuma me afectará nada.

Ainda demora, mas há-de chegar
O tempo em que a força me abandonará
E em vão doces ditos irá requerer
Com que eu construía, e em que o chão irá
Guardar-me e eu me inclino pra esse lugar
Onde há uma cova no escuro a romper.


(poeta holandês falecido a 5 de Outubro de 1936) 

Tradução de Fernando Venâncio

1 comentário:

O Puma disse...

Quem vai de novo roer a corda?