Primeira
Chuva
Quentura de
noite pejada de nuvens baixas e negras.
Bambos
bamboleios de trovão soturno
batendo o
tímpano bambo da zabumba do horizonte.
Trovão
apagado,
saudoso,
distante.
Depois a
chuva em grossos pingos
sobre os
telhados,
Na poeira
ressequida das estradas,
na terra
requeimada das queimadas,
desprendendo
um cheiro forte de gestação.
(Mamãe
molhava algodão em cachaça canforada
E nos dava
para cheirar: cuidado com defluxo!)
Amanhã tudo
vai começar de novo:
as folhas
voltarão aos galhos secos,
as águas
resmungarão nas grotas mortas,
os pássaros
do céu hão de cantar no cio...
(E aquela
que partiu porque não volta?)
Lá fora uma
goteira numa lata pinga,
pinga a
pingo,
pengue,
pengue,
numa toada
monótona de preta que ninasse.
Pengue,
pengue,
pingo a
pingo.
(E aquela
que partiu,
Porque não
volta?)
(escritor
goiano nascido faz hoje 99 anos)
1 comentário:
O poema tem perfume da terra molhada.
Abraço
Enviar um comentário