O retrato
A minha mãe
nunca perdoou o meu pai
por se ter
suicidado,
especialmente
num momento tão inoportuno
e num parque
público,
naquela
primavera
em que me
preparava para nascer.
Ela fechou o
seu nome
no seu
armário mais fundo
e não o quis
deixar sair,
embora eu
pudesse ouvi-lo a bater.
Quando desci
do sótão
com o
retrato a pastel na minha mão
de um
estranho de lábios grandes
com um
intrépido bigode
e
equilibrados olhos castanhos escuros,
ela rasgou-o
em pedaços
sem dizer
uma palavra
e
esbofeteou-me com força.
Aos sessenta
e quatro anos
ainda
consigo sentir a minha bochecha
a arder.
(poeta
estado-unidense falecido faz hoje 8 anos)
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